A situação de Paragominas quanto ao padrão de uso dos recursos naturais, antes do Projeto Município Verde, é similar a vários municípios do estado do Pará. No entanto, Paragominas apresentava aspecto agravante peculiar que era o grau de violência que acompanhava o padrão destruidor de uso dos recursos naturais. Não é à toa que o município foi durante muito tempo apelidado de ¿Paragobala¿, em alusão a forma de resolução dos conflitos. Mudar essa imagem e reconstruir um ambiente possível de convivência entre os homens e entre esses e a natureza em espaço de tempo tão curto, não foi uma tarefa fácil. Os relatos trazidos por Tiese dão conta de mostrar o esforço de uma sociedade agonizante que teve que reaprender a conviver com a natureza. Isso dito, não se quer aqui dizer que a experiência tenha sido um exemplo de sucesso total e absoluto. A ausência dos segmentos de produtores menos capitalizados parece evidente. O que costumamos chamar de Agricultura Familiar não aparece como ator importante no processo de construção e nem como beneficiário das iniciativas do Projeto Município Verde. A predominância do discurso dos setores mais capitalizados na concepção, elaboração e execução dos mecanismos que levaram ao Projeto Município Verde, torna invisível o discurso dos setores com menos poder político e econômico. Decorre desse fato um problema potencialmente nefasto: a exclusão desses segmentos menos favorecidos dos benefícios gerados pelo programa. No entanto, é preciso mais que retórica para comprovar este fato. Se essa reflexão não aparece com maior força no texto não significa que o autor não esteve atento a ela. As escolhas teóricas devem ter influenciado, já que a questão do poder e as formas como o mesmo é exercido pelos diferentes segmentos da sociedade, não parece ser um debate muito profundo ainda na teoria da Modernização Ecológica. (Do Prefácio)