Confesso que falar de experiências, nem sempre coerentes, me causou certo calafrio. Quis falar de minha mãe, expor sua fragilidade, suas limitações sem, no entanto, comprometer sua dignidade e por uma causa maior: ficaria muito feliz se as pessoas pudessem tirar, do que foi para nós um desafio, ideias para contornar situações semelhantes. E mais feliz ficaria se conseguissem em alguns momentos adentrar o túnel sinistro dos sintomas do Mal de Alzheimer para se aproximar dos seus “miolinhos de pão”, compreendendo suas dificuldades, oferecendo-lhes proteção e qualidade de vida. E principalmente amor enquanto possível, afinal, chorar de saudade é muito melhor que chorar de remorso.