Ao longo da História, o cristianismo passou a ser identificado com o conservadorismo político e social. Mas nem sempre foi assim. No início, a Igreja Cristã se distinguia da maioria dos outros movimentos de fundamento religioso por sua ousadia e seu inconformismo diante do poder e toda a opressão que ele representava. Por essa razão, o sociólogo, cientista político, professor e teólogo Jacques Ellul defendeu, durante a maior parte de sua vida, uma tese no mínimo polêmica: a de que o cristianismo carrega em si uma predisposição à insubmissão, à dissidência e até mesmo à recusa de todo tipo de hierarquia... incluindo a interna. Em Anarquia e cristianismo - pela primeira vez publicado por uma editora brasileira a partir do texto original em francês -, Ellul se propõe a corrigir o que entende como uma série de mal-entendidos em relação à fé cristã. Para isso, ele desconstrói conceitos, questiona estruturas, desafia convenções, enfim, vira do avesso todos os lugares-comuns sobre o tema. A publicação deste livro, de teor fortemente iconoclasta, contempla a necessária redescoberta de um dos pensadores mais profícuos dos últimos tempos.