Numa cidade do interior da Bahia, três tiros ecoam entre os atabaques do candomblé; dezenas de mãos apertam o gatilho. O calor febril do verão é intercalado por tempestades furiosas como lágrimas de Iansã, numa cidade mestiça magnetizada por superstições, paixões, fatalidades. Uma morte misteriosa fere a cálida estação: a vítima, Sofia do Rosário, retorna para a cidade natal depois de 20 anos no Rio de Janeiro. Ela é uma mulher divorciada e emancipada; uma mulher madura e sensual, que inspira temor e fascínio nos homens. Temor e repulsa na cidade, que não sabe lidar com sua figura desafiadora. Em "Atire em Sofia", Sonia Coutinho rompe mais uma vez os tabus da literatura feminina, retratando uma geração de mulheres que desafiam a lógica dos papéis tradicionais e se debatem entre a educação repressora e o apelo da liberação. Sua escrita sensível pinta um romance policial de tintas brasileiras, intenso e eletrizante como o ritmo do candomblé.