O escritor Michael Crichton aguardava o vôo que o levaria das Ilhas Seychelles para a Tanzânia quando pensou em pôr no papel impressões sobre as viagens que havia feito até então. Ele pensou no assunto até o vôo chegar, naquela tarde ensolarada de 1981, e o esqueceu até o início de 1986, quando ‘escrever uma autobiografia’ se tornou uma das resoluções de ano-novo do autor. Começavam a ser criados ali os textos que dariam forma ao livro Álbum de viagens, que chega às livrarias no início de janeiro, pela Rocco. Álbum de viagens não se limita às idas de Crichton a lugares incomuns. Antes de contar as experiências ocorridas em locais variados, às vezes inóspitos, o autor norte-americano relembra momentos importantes na Universidade de Harvard, onde se graduou em Medicina após várias tentativas de desistir da faculdade. Os chamados tempos médicos, entre 1965 e 1969, levam o leitor às aulas de anatomia, às primeiras experiências com pacientes e aos questionamentos do então futuro doutor sobre a medicina. As inquietações e vivências do estudante vêm à tona em textos com profundas análises do comportamento humano. O período como médico durou apenas o tempo necessário para receber o diploma. Depois disso, Crichton resolveu seguir sua vocação natural e tornou-se escritor em tempo integral. Crichton não demorou a vender os direitos autorais de alguns de seus escritos a estúdios de cinema e, quando percebeu, já estava escrevendo roteiros e, mais tarde, dirigindo produções cinematográficas. Mas a produção de livros ou mesmo a direção de filmes não são os assuntos mais relevantes de Álbum de viagens. Neste lançamento, Crichton atém-se aos períodos de férias. Interessam ao autor os momentos em que está fora da rotina habitual de trabalho. Os relatos das viagens abrangem os anos entre 1971 e 1986, quando visitou e envolveu-se em verdadeiras aventuras na Tailândia, no Paquistão, em Nova Guiné e na Malásia, entre outros lugares. Entre os episódios mais marcantes estão a escalada do Monte Kilimanjaro, o susto passado na Jamaica com um assaltante, os arriscados mergulhos em Bonaire e as travessias no interior do Paquistão. Todas as viagens têm em comum a busca por algo novo, diferente e desafiador. Assim também são os outros textos inseridos nesta autobiografia, nos quais Crichton conta suas experiências místicas, como ler a aura das pessoas, entortar garfos e decifrar artimanhas de videntes. Nas páginas finais, Crichton resume tudo que aprendeu com a interação com esses fenômenos classificados por ele mesmo como psíquicos, transcendentais ou espirituais. Sem rodeios ou pudores, o escritor envolve o leitor em suas aventuras e procura transmitir um pouco do que aprendeu ao deixar o conforto de casa e partir em direção a alguns dos lugares mais incomuns e curiosos do planeta.