Neste ensaio, Joel Birman realiza uma leitura sistemática da presença e da referência à psicanálise na obra de Foucault, acompanhando a interlocução permanente, sempre crítica e radical, que o filósofo francês manteve com ela. Ainda pouco debatidas e refletidas, e por vezes mal entendidas ou levianamente rejeitadas, as criticas de Foucault à psicanálise são para Joel Birman - aqui empenhado em afirmar que a psicanálise ainda pode mostrar a sua eloquência na escuta do mal-estar na atualidade - um caminho indispensável para o resgate do caráter subversivo da descoberta freudiana. Abordando a psicanálise ou não como um conjunto unidimensional mas como fragmentos de discursos teóricos, práticas clínicas ou formas de subjetivação, Foucault demonstra como na modernidade ela permanece reclusa na tradição metafísica de uma filosofia do sujeito, igualando-se à psicologia e à psiquiatria como versões de saberes e de práticas disciplinares.