*** \u201cQuintais e garatujas\u201d convida o leitor a uma aventura poética no coração intangível do Brasil: a própria brasilidade. Os poemas, movidos pelo espírito da arte popular, oferecem recortes de cotidianos condensados, da nostalgia da infância, dosentimento suburbano, a vida à beira-mar entre outros. A orfandade do menino ribeirinho, a mãe que é sabiá e fênix, a moreninha triste que espera atrás da igreja escura, o homi que com o pife fere mais que punhal, o olhar triste de uma senhora do Mangue, o transe auditivo induzido por uma volta pelas ruas de Madureira, a Maria-Fumaça que faz clamar pelo silêncio, a relação do choro com a cidade que lhe viu nascer, a solidão do Para-Raios, vísceras em ebulição, o dedo ferido do pescador, catedrais nordestinas fincadas na seca manhã. O olhar de Marco Trindade sem dúvida cumpre arrebatar o leitor das imagens urbanas que normalmente saturam a consciência moderna, transporta-o para um outro canto do Brasil.