"O livro de Márcia Patrizio dos Santos merece ser lido e isso por várias razões. Mas, sobretudo, por três. Em primeiro lugar, por se apoiar sobre a idéia de corpo, esse fil rouge, conforme o prefaciador P-F Moreau, que analisa e reconstitui o sistema inteiro de Spinoza. Em segundo lugar, o que é ilustrado por Guéroult, é toda a arquitetônica filosófica. Mas, ao contrário de Guéroult, a autora pontua que os conceitos filosóficos devem sua validade ao seu potencial de idéias e que a sua "veracidade" se assenta única e exclusivamente sobre sua solidariedade mútua. Isso significa apenas uma solidariedade conceitual? Não. Isso significa que, antes e acima de tudo, um sistema tem de ser coerente e, também, exprimir o real. Trata-se, ainda, de um livro não só escrito com espírito analítico, essencial nas teses de História da Filosofia, mas, especialmente, um livro escrito sob o signo da Paixão: paixão por Espinosa. E é esse um elemento fundamental: a cada idéia, a cada conceito, a cada tese Márcia Patrizio não faz uma afirmação fria, quase como indiferente. A autora assume o papel de Espinosa, e é isso que estou chamando de Paixão. Nesse sentido, a paixão ocupa um papel tão relevante como o espírito analítico; e Márcia Patrizio exprime muito bem essas duas facetas, sem jamais confundi-las.Que o próximo volume seja tão analítico e, para usar um termo sartreano, engajado, como é o que o leitor tem em mãos!"