Nesta obra o autor não inventa um novo paradigma. Mas quase que faz melhor! Traça o histórico e propõe uma teoria da identidade para a nossa sociedade em plena mutação. Faz do velho, novo, voltando a dar a este conceito-chave o rigor e a pertinência que havia perdido. O autor constrói um instrumento para a compreensão da modernidade, uma luminosa grelha de interpretação para um mundo desnorteado onde cada um, sozinho ou com outros, procura a sua vida, o seu ídolo, a sua verdade, um absoluto, um sentido para a vida, a fim de combater o novo mal do século: a derrocada psicológica. Kaufmann, nesta obra, tem a coragem de desafiar as convenções e as barreiras das especialidades sacrossantas. Ousa aventurar-se criando várias pontes entre a história, a política, a psicologia e a sociologia mas, mantendo-se sempre consciente dos perigos da mistura de géneros e das ciladas da subjectividade. Fazendo isto, escolheu exortar pelo exemplo, demonstrando, através da elaboração muitas vezes pessoal do seu discurso, que A Invenção de Si releva, antes de tudo, da audácia e da criatividade e que é necessário correr riscos para se arranjar um pouco de coragem num mundo votado às desgraças da autodestruição. Este é um belíssimo livro, generoso, bem documentado, enraizado na actualidade, essencial, repleto de observações, intuições, referências e exemplos esclarecedores. Um livro que propõe, entre razão e paixão, entre sociologia e psicologia, entre os factos e a sua teorização, um modo eficaz de reflexão e de acção para o pequeno Ego. Uma revolução está prestes a mudar a face do mundo. Compreender para onde ela nos conduz é de uma urgência vital: para o melhor e para o pior, entrámos, doravante, na Idade das Identidades. JEAN-CLAUDE KAUFMANN é sociólogo, director de investigação no CNRS, é autor de várias obras destacando-se Ego, para uma sociologia do Indivíduo, publicada pelo Instituto Piaget.