como a palavra amor sai naturalmente das nossas bocas é uma oferenda carinhosa que rúbia vaz nos lega, ao recontar a narrativa de ofélia sob a ótica do gaslighting e da violência psicológica contra a mulher, enquanto elabora também sua própria vivência em práticas que embaçam as divisas entre o relato e a ficção. nos últimos quatro anos, tenho tido o prazer de acompanhar rúbia nesse projeto, atravessando são paulo, santo andré e rio de janeiro. a peça me espanta: como uma testemunha, me vejo ouvindo as palavras fluviais, ressonantes, em acontecimentos que ameaçam desaguar no conhecido leito da tragédia. aqui, no entanto, jazem as águas com as quais rúbia verte o fluxo que confina o imaginário de ofélia, evidenciando sua capacidade de escutar os muitos sons soterrados. nesse sentido, rúbia é generosa: permite que ouçamos também, como que entreouvindo o desenrolar, por vezes sem dimensionar o todo, mas sempre atentos para o presente da situação. o prólogo se faz incontornável: (...)