Cada despedida é um romance breve e intenso. Sua intensidade resulta de uma escrita elaborada e brutalmente econômica. Não há sobras no texto de Mariana Dimópulos, que narra o percurso de uma jovem argentina pelo Velho Mundo em saltos temporais, em vinhetas que acompanham suas trocas de lugar, de pessoas, de trabalho, a partir do que a autora chama de uma forma fragmentada de ver. Mas há um evento que percorre o livro desde o início, um pano de fundo, um suspense que encontra, por fim, seu desfecho. Como apontou o escritor J. M. Coetzee na apresentação que escreveu especialmente para a edição brasileira, a noção de adaptar-se é fundamental neste romance, e para o leitor a questão não é mais: Como fará nossa jovem heroína para lidar com a sucessão de desafios que a confrontam?, mas: Por que será que essa alma inquieta não consegue corresponder a nossas expectativas narrativas inventando uma vida nova para si mesma?.