"A memória da Fazenda de Santa Cruz traz imensa carga simbólica por sua magnitude, centralidade econômica e por ter pertencido aos jesuítas, para depois, de forma traumática, passar à propriedade da Coroa, após a expulsão da ordem. Documentos, fontes e narrativa escolhidos por Júlio César Medeiros, apresentados neste livro, permitem uma aproximação com o cotidiano desta Fazenda. O leitor saberá como o hospital de escravos da Fazenda passou a ser o ponto central para onde convergiriam as práticas terapêuticas, o cuidado com crianças e idosos e a alimentação não apenas dos enfermos, mas das guarnições de serviço que, por sinal, era cativa. Além disto, verá que a prática do oficio e as folgas ajudavam a compor este quadro de relativa tranqüilidade que distinguia os escravos santa-cruzenses em relação aos demais cativos. Por entender que a história pode ajudar a compreender o presente, o autor deseja levar o leitor a refletir sobre como as ações de gerência em cargos decisórios e institucionais em áreas como: saúde, educação e moradia afetam profundamente a vida daqueles que são mais vulneráveis à política pública de Estado. Por estes e outros motivos, o leitor tem em mãos um livro marcante sobre um tema pouco estudado, em que o tripé: trabalho, folga e cuidados terapêuticos se tornaram os sustentáculos de uma sociabilidade escrava, enraizada no passado jesuítico, lutando pela manutenção dos direitos jesuíticos, frente à modernização capitalista, na segunda metade do século XIX. "