O mito de Don Juan é um tema amplamente presente no imaginário ocidental. De conquistador impiedoso, em sua origem no século XVII, a símbolo da idealização romântica levada ao extremo, no século XIX, o personagem do célebre sedutor foi retomado por vários autores, contribuindo para o estudo de aspectos essenciais de suas obras. Na literatura brasileira, dois poetas destacam-se por terem estabelecido um diálogo marcante com o mito no período do Romantismo: Álvares de Azevedo (1831 - 1852) e Castro Alves (1847 - 1871). A obra de Álvares de Azevedo é marcada pelo contraste entre o amor sublime não realizado e o desejo sexual, interpretado como algo degradante. Nesse contexto, sua apropriação do mito de Don Juan revela um eu lírico devasso e descrente, devido à procura frustrante de um ideal.