Jesus e Buda: um belo paralelo e uma falsa simetria. Um belo paralelo porque estes dois nomes evocam duas grandes figuras da humanidade. Podemos assim cotejar Jesus e Sócrates ou Buda e Confúcio. Porém, estas comparações parecem menos ricas por se aplicarem a homens de civilizações geograficamente próximas. Pelo contrário, Jesus e Buda nasceram de um e de outro lado do Indo, esta fronteira um pouco mítica que separa o Próximo Oriente, berço das religiões ditas monoteístas, do Extremo Oriente, átrio da meditação e da emanação interior. Para um ocidental, Benarés - onde Buda pregou - e Catmandu - onde é venerado - são um pouco as cidades símbolo deste longínquo Oriente, misterioso e complicado. E eis uma falsa simetria: Buda é um título tal como Cristo. Assim, deve-se comparar seja o Cristo e o Buda, seja Jesus e Siddhartha. Cada um destes termos tem a sua importância. Em hebreu Jesus significa Deus que salva e o cristianismo foi, precisamente, colocado na categoria das religiões da salvação cujo fundador é um salvador. Siddhartha, em sânscrito, quer dizer o que atinge o fim e para um budista, o Buda é o primeiro homem que atingiu o objectivo supremo: o nirvana. Em onze capítulos tratando do Céu, da lei, da morte, do amor ou da saúde, etc., o autor arrebata-nos para um encontro culto e apaixonante sem cair num sincretismo fácil e preguiçoso. ODON VALLET, doutor em Direito e em Ciência das Religiões, lecciona na Sorbonne. É autor de várias obras entre as quais As Religiões no Mundo, O Estado e a Ecologia da Política, Administração e Poder, todas publicadas pelo Instituto Piaget.