"Como as transformações do mundo do trabalho impactam sobre uma especialidade de tradição liberal como a odontologia? Se é verdade que dentistas vêm passando por um processo de assalariamento, sob que marco se dá esse processo? Usualmente reconhecida como uma área liberal, a odontologia vive profundas transformações: os dentistas se deparam com um mercado de trabalho cada vez mais complexo, onde a prática autônoma não desaparece, mas convive com formas novas de assalariamento. Entretanto, as recentes reconfigurações do trabalho do dentista são regidas pelo signo da precarização. Se é verdade que entre 1980 e 2010 o número de dentistas no Brasil saltou de 60 para 220 mil, a expansão do número de postos de trabalho no setor público também contribuiu para suavizar as tensões advindas da grande proporção de profissionais. Todavia, perseveram nesse espaço múltiplas formas de vínculo desprotegido. No setor privado, o elemento que mais tem produzido impacto é o desenvolvimento das operadoras de planos odontológicos. Este fenômeno, ao mesmo tempo em que cria um empresariado mais robusto e financeirizado, gera também uma perda da autonomia para os dentistas, perda favorecida por um eficiente recurso ideológico: a tradição liberal facilita a naturalização do assalariamento precário. Diante desse quadro, Lana Bleicher apresenta as saídas esboçadas pelos dentistas e os esforços de organização coletiva ensaiados para fazer frente a esse cenário. Como as transformações do mundo do trabalho impactam sobre uma especialidade de tradição liberal como a odontologia? Se é verdade que dentistas vêm passando por um processo de assalariamento, sob que marco se dá esse processo? Usualmente reconhecida como uma área liberal, a odontologia vive profundas transformações: os dentistas se deparam com um mercado de trabalho cada vez mais complexo, onde a prática autônoma não desaparece, mas convive com formas novas de assalariamento. Entretanto, as recentes reconfigurações do trabalho do dentista são regidas pelo signo da precarização. Se é verdade que entre 1980 e 2010 o número de dentistas no Brasil saltou de 60 para 220 mil, a expansão do número de postos de trabalho no setor público também contribuiu para suavizar as tensões advindas da grande proporção de profissionais. Todavia, perseveram nesse espaço múltiplas formas de vínculo desprotegido. No setor privado, o elemento que mais tem produzido impacto é o desenvolvimento das operadoras de planos odontológicos. Este fenômeno, ao mesmo tempo em que cria um empresariado mais robusto e financeirizado, gera também uma perda da autonomia para os dentistas, perda favorecida por um eficiente recurso ideológico: a tradição liberal facilita a naturalização do assalariamento precário. Diante desse quadro, Lana Bleicher apresenta as saídas esboçadas pelos dentistas e os esforços de organização coletiva ensaiados para fazer frente a esse cenário."