Quando me refiro a saber pensar como "commodity", aludo a essa inserção contraditória do conhecimento na produtividade: de um lado, saber pensar aparece como requisito crucial da produtividade, quase confundindo-se com ela, o que expressaria já relação intrínseca; de outro, o saber pensar é truncado, precisamente para evitar que tome lugar de objetivo em si – fica-se com sua qualidade formal, tipicamente instrumental, excluindo a qualidade política. Precisa-se de trabalhador que saiba pensar, mais não a ponto de questionar o sistema produtivo. O aspecto formativo é descaracterizado em favor de procedimentos instrucionistas, quase sempre muito abreviados e caricaturados, como são infindos cursinhos oferecidos aos trabalhadores desempregados, sem falar em cursos em nível superior cada vez mais encurtados e realizados apenas sob o signo da aula reprodutivista.