Uma estranha beleza, melancólica, nimba de luz estas personagens. Não é exagero se dissermos, como o autor o diz, no final do livro, que ela irradia do esplendor das coisas ameaçadas, como a beleza dos condenados, nos romances de Kafka. Essa é a linhagem de H. G. Cancela, o negrume de Dostoiévski ou de Thomas Bernard. O mundo em que a escrita tem o poder de dar a ver o lado mais obscuro do humano, sem ilusões falseadoras, gesto ético e de fidelidade última.