Criado em 1996, o Prêmio Carlos Gomes surgiu para homenagear um dos maiores artistas da história do país e celebrar músicos e personalidades que lutavam por sua arte em um contexto muitas vezes pouco receptivo - o mesmo meio que, guardadas as devidas proporções, havia feito com que o autor de óperas como O Guarani morresse praticamente na miséria em seu país, após carreira de prestígio na Itália. Com a escolha dos melhores da música erudita e ópera, esperava-se ainda criar um universo de referências para o setor, consolidando seu vigor tanto internamente como perante a vida cultural brasileira. Foram necessários alguns anos até que a iniciativa se consolidasse. E, nesse processo, ela padeceu dos mesmos problemas de que sofria a música nacional. Lutou para sobreviver, balançou com as flutuações do mercado, misturou-se à política, viveu conflitos na formatação de seus critérios e na escolha de jurados. Ao mesmo tempo, corrigiu injustiças, premiou artistas que possivelmente seriam enterrados pela ação do tempo e do descaso; revelou jovens talentos; deflagrou e consolidou carreiras; discutiu a importância da memória na construção de uma tradição musical; e sinalizou o desejo de profissionais, críticos e especialistas de encontrar no mercado musical uma coerência de talento e iniciativas. Este livro recupera as primeiras doze edições da premiação, partindo do pressuposto de que, em seus erros e acertos, triunfos e dificuldades, o Prêmio Carlos Gomes conseguiu ser um microcosmos da realidade da música brasileira na última década. A cada ano, um premiado ou um conjunto de prêmios levou à reflexão sobre aspectos da produção musical: patrocínio, a busca de identidade por parte dos compositores, a descentralização da produção, ou projetos emblemáticos como a nova Osesp ou o Festival Amazonas de Ópera.