A proposta da aproximação das obras de Cruz e Sousa e Lima Barreto, tão diversificadas e complexas, serviu para a elaboração deste livro, como meio para trilhar o caminho inverso que costumeiramente busca a diferença entre a experiência subjetiva donegro e do mulato no campo da criação literária, bem como para manter afastados os gêneros. O que se pretende elucidar nas páginas deste livro é que, considerando não terem as obras trafegado à margem do campo minado pela escravidão e pelo racismo, o sujeito étnico percorre seus textos criando uma tensão com o discurso racial dominante, numa oposição direta ou indireta. Essa tensão, caro leitor, caracteriza um momento importante da evolução de uma negrobrasilidade literária. O estudo ora aqui apresentado aponta para as semelhanças da funcionalidade do sujeito étnico nas obras dos dois autores. E mais: destaca os trechos de maior relevância para o debate racial, refletindo como a ausência aparente deste não exclui sua presença metaforizada, mas latente.