No encalço dos fantasmas de José Saramago, Fernando Pessoa, Camões e, claro, Eça de Queiroz, Miguel Sanches Neto cria uma obra hilária, inteligente, vertiginosa, um romance feito de encontros, desencontros, fugas, autoengano, paixão e muita literatura. Nesta história contada de modo nada confiável por um sujeito que aspira escrever um romance, a questão da identidade toma o primeiro plano. O narrador assume o pseudônimo Rodrigo S. M., sequestrado de A hora da estrela, de Clarice Lispector, e deixa para trás seu passado ordinário. Decidido a cruzar o oceano em busca de, em suas palavras, civilização, ele parte para Portugal em uma jornada que se equilibra entre a ironia cáustica e a homenagem ao panteão de escritores da literatura lusa. Seu alvo logo se torna o lendário Eça de Queiroz, cujos caminhos procura refazer atrás de inspiração para um livro. Feito um Dom Quixote lusófono, o narrador personagem precisa amargar que os [...]