Este livro é fruto de uma pesquisa de doutorado que buscou compreender como a morte violenta se apresenta na relação do sujeito com o laço social, considerando-se as dimensões imaginária, simbólica e real por meio das quais Lacan aborda a experiência freudiana. A partir de questões sobre a morte violenta de jovens envolvidos com a criminalidade, propusemos uma investigação teórica acerca dessa problemática. Se a princípio Lacan propõe uma lógica na qual o Simbólico funciona como a instância reguladora, que limita a agressividade presente na relação intersubjetiva, posteriormente, com o nó borromeano, será possível reorganizar as relações entre os registros. Circunscrevemos assim três diferentes modos de apresentação da morte violenta no laço social: a) um modo imaginário, que foca aspectos intersubjetivos, como a rivalidade e o reconhecimento; b) um modo simbólico, que contempla as determinações discursivas, como a interdição e a própria violência da lei; e c) um modo real, que foca aquilo que escapa às significações imaginárias e ao ordenamento propiciado pela linguagem. A morte violenta, tomada em cada uma das consistências do RSI, coloca em relação elementos paradoxais o direito e o avesso das respostas subjetivas e sociais, como a agressividade e o reconhecimento, a pulsão de vida e a pulsão de morte, a pacificação e a violência, a catástrofe máxima de uma destruição absoluta e uma abertura criadora entrevista por uma diferença mínima. Essa discussão incita a uma subversão do discurso social sobre a criminalidade e sobre o criminoso, trazendo uma contribuição fundamental.