Clarice Lispector escrevia no território da experiência sensível da intuição e solicitava de nós leitores uma outra sensibilidade de leitura, uma inteligência menos lógica,capaz de conviver com uma escrita que se recusa ao registro factual da realidade e sobretudo o ponto final. Neste estudo, O discurso da falta em Clarice Lispector: "Laços de família", a professora Gilda Plastino é sensível aos apelos da obra e da autora. Consciente de que na escrita de Clarice "a linguagem inventa o real sabendo que o perde", ela inaugura um estudo sob o signo da falta e da incompletude, percorrendo narrativas em que mulheres vivem experiências banais, solitárias e se revelam em estado de surpresa diate do simples ato de existir. Num feliz encontro entre Psicanálise e literatura, a autora nos traz novas revelações do universo literário sempre inesgotável de Clarice, num ensaio poético que é leitura instigante e aprazível.