Analisando a narração do testemunho de um único trabalhador sobre seu tempo de vida de trabalho, de empregado e desempregado, mostra a emblemática com referência ao mercado atual do trabalho e as transformações no sistema produtivo. Tempo em que os avanços tidos nos direitos do trabalhador sofrem violações que retrocedem a situações que configuram trabalho escravo, numa contraditória violação à legislação do país, por condições e práticas degradantes. E não são poucas as formas contemporâneas de escravidão como as apresentadas no livro. Maria Inês Rosa, articula suas reflexões com a problemática do sujeito e a do poder. Nesses espaços, interdependentes, são analisados esses dois tempos de vida do trabalhador, respectivamente o de não desemprego (trabalho) e o de desemprego. O 'mestre do possível' que é o ser vivo humano, no uso que dele é feito, questiona as concepção e representação de seu corpo assimilado ao funcionamento de uma máquina, herdeiras daquelas que tomaram o corpo humano do trabalhador, na condição de escravo, como 'uma máquina animada' (Aristóteles, na Política). Essas conformam e ancoram o uso de si capitalístico do homem/trabalhador até o presente. Desses tempos, aspectos são destacados - é a palavra relação ao outro/hospitalidade e testemunha dessa condição humana e da transmissão (herança) das experiências, coletiva e individual, e aí de uma língua particular, a de ofício, entre gerações, a tendência à ruptura dessa transmissão, e o descarte do trabalhador, relegado à 'penumbra' e, junto, suas experiências/memória, além de ser empurrado à posição de homo clausus.