Em 1932, o estado de São Paulo exigiu do governo provisório de Getúlio Vargas uma nova Constituição Federal. Os desdobramentos desse entrave político levaram ao último grande conflito armado ocorrido no Brasil. O jornalista, cineasta e artista plástico Miguel Angel Fernandez faz um retrato da capital paulista nesse período. A Cena Muda é resultado de uma extensa pesquisa histórica que, pelas mãos do autor, traduziu-se numa narrativa ficcional repleta de paixões, violência e traição. Sumário Avant-Première.“Enterro de Siqueira Campos comove a cidade.”Buenos Aires, capital da conspiração brasileira. Copacabana em chamas. Coluna da morte. Da esperança. Fênix revela o futuro. São Paulo, capital do café. Guarujá em chamas, cor de café. Abolição decretada em oitenta e oito. Mas sinhá liga?Pernambuco, Gouveia. Madeira-Mamoré. sonha com sítio e espera morrer velho dando carreira em tenente.São Paulo, cemitério do café. “Caipirão Rubiácea”, Pierre e sua língua nordestina. Conspiração de tenentes e paulistas “carcomidos”.Livraria Teixeira. Iris e diafragma prometem fitas sonoras. Getúlio manda e João Alberto obedece. Paulistas detestam a ideia. Judiação do cinema sonoro. Novidades da tela versus preço do metro de seda francesa. Fogo nos ânimos paulistas e numa loja judia.Encouraçado São Paulo. Miss Brasil. Revolução Russa versus Outubrista. Tietê, mãe dos rios, vai inundar São Paulo. De novo. Ricardo Alvarenga. Jantar Je ne sais quoi e gorjeta inesquecível esperam Magda e Jandira se conhecerem melhor.Cinco gatinhos úmidos e gravidez indesejada. Honório ataca russos e paulistas comunistas. Pior para Pudovkin e Lauro. Finalmente a terra das andorinhas, de sogra e cunhado. Várias descobertas depois, braços e pernas abertos.Alvarenga contrata corintiano. Oito milhões de paulistas, potenciais fregueses do “Refinamento do prazer, Ltda.”M.M.D.C.: mata mineiro, degola carioca. Teu cabelo e teus sapatos não negam. “Fui nomeado teu tenente interventor.”Festa politizada em casa de Fausto. Guilherme de Almeida mostra seu charme. Lauro bêbado de Magda e uísque. Melhor para Laura.Aniversário de São Paulo. Colar de presente. Jandira, champagne e cocaína não se misturam.Lambedeira, facão e morte. Uma faca enterçada menos dois olhos. Corintiano expulso de campo.Lei “acelerada”. Euc1ides Figueiredo e Ricardo Alvarenga no primeiro brado. Festa na necrópole.Denodo, medo, patriotismo nos campos da Guerra Cívica. Enfermeira no Écran dos combates procura namorado.Caçando Corintiano em plena Revolução. De faca e picaçu até a cintura.Paris-Belfort no rádio. Pedregulho no saco do papagaio. Uma bala no bolso e Pedro morto.Na casa do Corintiano. Quella catapecchia? Sapato na goela produz vômito. Amor descoberto, morte.Peixes do Tietê mordem língua nordestina e desovam num Rolls-Royce do outro lado do mundo.Ambulância em perigo foge de bombas e lembranças incendiárias. As almas engolem roda da fortuna.Carta enviada do Guarujá que Ana nunca leu, nem Dona Filomena, que a devolveu sem abrir, anexando foto e telegrama dando os pêsames aos parentes da falecida combatente que tudo deu, até a vida, por São Paulo...“Châtrer le noirceur à L’anglaise” ervilhas, alface, batata e pitadinha de cloridrato adulterado.Último capítulo, fim desta Revolução. Ad perpetuam rei memoriam. Nihil novi sub sole.Epílogo.