Na manhã do dia em que o matariam, por ser uma manhã igual a todas as outras, meu pai tomou o mesmo café, que era sempre muito preto, mas ao mesmo tempo tão sempre doce que nenhum de nós estranharia se alguma formiga suicida disputasse com ele o último gole no fundo da xícara. Comeu uma banda de pão com manteiga e meio biscoito de polvilho encharcado de gordura de porco, como fazia sempre e não deixaria de fazer naquele dia só porque o matariam. Enquanto mastigava, meu pai tinha nos olhos e no bigode a arrogância serena dos mocinhos que sabem que nunca morrem no fim.