Impermanência com disfarces sociais. Escutar o ar. Antes do tempo das cordas, de T.S. Eliot, e de um caracol que ressoa pelo mundo, de Octavio Paz, a poesia surgiu nos ossos. Cava. Na origem do vazio, sobra a sede de Luz e sal, o silêncio, a sombra de sua sombra, como bem dito por Alejandra Pizarnik, por aqui sopra sobras. Freitas parece se conectar exatamente com essa esfera quando apresenta A memória é uma oficina de ossos, obra de fôlego e de impacto, viajante dos símbolos da finitude, livro-nauta da sobrevivência de tuk-tuks nervosos, pois de um relógio/à procura de novos instintos permanecemos com um grito, sorrindo, alados. Viver também é grafar um piano constante: nestes densos poemas há vibrações de toques como uma Sonata ao Luar, de Ludwig Van Beethoven embaixo das unhas/dentro dos ouvidos. Mírian ludibria e convida à caça do tigre de papel, em um girassol espelhar refugiando a memória do mundo: porque somos ninguém no mesmo sonho, vícios à imagem prelúdica de forças (...)