América: atentado poético-performativo a todas as subjetividades, estéticas, narrativas e cenas coloniais. América: diálogo entre carne e terra, ou o momento em que, ao saber-se território invadido, penetrado e revirado, o corpo descobre-se carne. América: trauma/memória secular, veias abertas, sangue que não estanca. América: sangue sobre terra: feitiço. América: tremor enfurecido que vem do centro da terra cobrar cada gota de sangue jorrado, cada grama de minério extraído. América: tu me deves. América: o continente está para a terra como o corpo está para a carne. Em América, Francisco Mallmann atenta o impossível: separar as carnes com as próprias mãos, diferenciar o sujeito de quem o sujeita. O fracasso é iminente, e é por isso mesmo que América carrega em si o paradoxo inescapável da subjetividade colonial pela lente dos vencidos: se esse mundo segue, por via de outras mãos (outras naus), fazendo de nós aquilo que não somos, [...]