Desde a Antiguidade até a Renascença, a transmissão dos mitos da Grécia antiga e de Roma foi assegurada, de forma paradoxal, pela filosofia, que, depois de ter denunciado a incapacidade desses relatos de transmitir a verdade e de desenvolver uma argumentação, empenhou-se, graças a esse instrumento exegético que representa a alegoria, a mostrar como, sob seus elementos mais surpreendentes e mais escandalosos, dissimulava-se a significação filosófica mais alta. Neste livro encontram-se informações históricas, textuais e doutrinais sobre as metamorfoses que sofreu a interpretação alegórica dos mitos durante dois milênios. O conjunto desse relato permite repor em questão várias ideias simplistas, mas muito difundidas, sobre as ligações que mantêm mythos e logos, tradição religiosa e especulação sobre a natureza, teologia e filosofia, paganismo e cristianismo. Esta nova edição corrigida leva em conta a maior parte dos novos trabalhos e dos novos autores sobre a interpretação alegórica (...)