Quando JT LeRoy surgiu com este primeiro livro, aos 20 anos de idade, foi um espanto. Jovem, genial e tão esquisito quanto JD Salinger, ele foi logo traduzido em vários idiomas e adotado por personalidades tão díspares quanto Madonna e o cineasta Gus Van Sant, do qual se tornou amigo e colaborador. Sarah, de fundo autobiográfico, é a história de uma criança graciosamente andrógina – o narrador – cuja mãe, prostituta em paradas de caminhoneiros, veste-o como mulher para que também se prostitua. Esse personagem tão improvável quanto engraçado, tão triste e trágico quanto patético, afunda então num reino delirante e perversamente idílico, no qual é explorado pelo violento cafetão Leloup, de quem procura fugir para viver no mundo menos infeliz de outro cafetão, o boa praça Glad Gratefull. JT LeRoy criou neste primeiro e genial livro um submundo memorável e terrível, tão acolhedor quanto sofrido e bizarro, tão belo e poético quanto apavorante, e sem dúvida surpreendentemente original.