Os ensaios críticos reunidos nesta coletânea abordam um conjunto de escritores e escritoras que, entre os séculos XX e XXI, publicaram obras nas quais os problemas ligados à representação da violência, dos traumas pessoais e históricos, da memória e do autoritarismo estão incorporados como tema e impactam decisivamente sua forma de expressão artística. Armando Freitas Filho, Primo Levi, Wislawa Szymborska, Hilda Hilst, Ana Cristina César, Caio Fernando Abreu e Osman Lins são apenas alguns dos escritores examinados neste livro, porém já suficientes para indicar a diversidade de estilos abarcados por estas reflexões. Parte dos trabalhos se concentra naquela situação paradoxal, que talvez só possa ser verdadeiramente colocada no campo da arte, na qual a irrecusável responsabilidade de lembrar o horror vivido se tensiona e se completa num árduo desejo de esquecimento. Lembrar para que o horror não se repita; esquecer para que haja um chão novo para se recomeçar. Essa reordenação da violência impacta com igual força as grandes questões públicas e a rotina da vida privada, exigindo da arte disposta a compreender esse processo novas respostas éticas e estéticas a tal recrudescimento histórico. Uma heterogênea amostragem dessas respostas são pensadas, a partir de diferentes enfoques, ao longo deste livro.