No presente texto intenta-se discutir, com base na chamada política do reconhecimento, uma Teoria da Constituição adequada à realidade brasileira que, por sua vez, é marcada pela imensa desigualdade social, bem como pela ausência de um Estado (social) capaz de implementar as promessas da modernidade. Para tanto, num primeiro momento, como tentativa de construção de um pano de fundo filosófico-político, aborda-se o pensamento de alguns autores que se destacam atualmente nos estudos sobre a questão do reconhecimento político. A partir dessa base teórica, em seguida, discute-se a necessidade de concretização do projeto iniciado pela Constituição de 1988 que objetiva primordialmente a ampla efetivação da cidadania no Brasil. Nesse percurso alguns temas são enfrentados como: o fortalecimento da idéia de Constitucionalismo Dirigente em face dos desafios gerados pelo fenômeno da globalização; a necessidade de atuação de um modelo de Estado social; o fomento de um sentimento constitucional (ter e estar em Constituição) para uma ampla camada do povo brasileiro que sofre constantes humilhações políticas e são vítimas, no cotidiano, do fenômeno da invisibilidade social. Por fim, em face deste complexo cenário, relaciona-se a teoria política do reconhecimento e o sentimento constitucional como possíveis "remédios" para o chamado sofrimento político.