Classificada por ele mesmo como "obra difusa", escrita "com a pena da galhofa e a tinta da melancolia", faz de Brás Cubas um autor defunto, ou um defunto autor, que decide narrar sua vida. E o faz sinceramente, alheio às consequências, com sarcasmo e amargura, pois tudo tentou e nada fez. À sua ironia aliam-se as digressões, uma vez que o autor problematiza sua narrativa, de ar sobrenatural, representante do moderno estilo cômico-fantástico. Em permanente diálogo com o leitor, Brás Cubas ora lhe pede paciência, ora acredita que o ouvirá fazer objeções ao que está sendo narrado. Com sua técnica impecável, prosa elegante e discreta, a atualidade de Machado de Assis deriva do encanto atemporal da profundidade de suas análises psicológicas, única na literatura nacional.