O sentimento de culpa e a raiva; os laços biológicos e os escolhidos, a amizade, a paixão; o corpo, suas cicatrizes, os medos e a maternidade que os ensina e transmite. Aixa de la Cruz tomou todos esses elementos que por hábito consideramos um componente dado, ou pelo menos já adquirido, das nossas histórias, e transformou-os em material para uma acusação ora intransigente, impiedosa, ora bem-humorada e docemente naïve; porém, sempre honesta, beirando a brutalidade. Pode-se permitir: este indócil memoir é o livro de uma escritora que quer se libertar, e libertar quem a lê, do domínio das paixões tristes, das escolhas nunca escolhidas e, portanto, apenas sofridas.