Bem se vê que Vera Albers é professora universitária, o que a afasta – na criação de sua literatura – da linguagem funcional que é obrigada a utilizar diante de alunos e das urgências do convívio diário. Os fragmentos que compõem este livro, ágeis como raios, e inesperados como a sua iluminação passageira, poderiam ser vistos como contos, crônicas, ou momentos poéticos, a sugerir um apego a Kafka e a Clarice Lispector. Entretanto, a grande força de Vera Albers é a sua voz própria, de expressão verdadeira, fundindo-se à essência humana. A propósito, logo no segundo fragmento de Deformação, Vera se refere a Hemingway: “Mania de escrever sobre um país que não é o dele. A mesma coisa de Gorki. Não captam a essência.