O livro de Eduardo Natalino dos Santos, "Tempo, espaço e passado na Mesoamérica", é um ponto de referência indispensável para todos os leitores que se interessam pela América indígena. Sua reflexão é o ponto de partida para os brasileiros com relação à análise dos códices pictoglíficos de origem nahua, e partir deles descobrir todo o universo que se esconde entre uma cultura cheia de mistérios como a teoria sobre o fim do mundo no ano de 2012.Os códices não eram lidos da maneira como nós, usualmente, lemos um livro em alfabeto latino. Eles eram exibidos publicamente por especialistas que de acordo com a ocasião recitavam os relatos, cantos, preces e outros textos da tradição oral, vinculados à informação visual contida nos manuscritos. A relação entre as imagens e escritos constantes nos códices e a tradição oral que os acompanhava era complexa, uma vez que nenhum desses dois elementos limitava as interpretações do outro. As imagens transmitiam conteúdos simbólicos e afetivos que nem sempre eram contemplados nos relatos orais, os quais poderiam incluir informações que não se encontravam nas imagens. Dessa forma, os códices e as tradições que os acompanhavam eram discursos plenamente audiovisuais.