Desde o século XVIII, com a célebre investida de Edmund Burke contra a Revolução Francesa, criticou-se exaustivamente a concepção de que as agendas sociais devem ser orientadas por ideias nunca testadas, pela soberania de valores abstratos, presunçosamente desatrelados do real e da tessitura sociocultural existente, Essas críticas, porém, não costumam se aprofundar na análise específica do ideal de 'progresso' sustentada por esses ideólogos, No livro 'Escravos do Amanhã', Lucas Berlanza e Hiago Rebello buscam mostrar que são insustentáveis os postulados da melhoria absoluta das esferas da vida apenas em consequência do avançar do relógio e da superioridade intrínseca das novidades, tanto na prática quanto na teoria, Enfrenta-se, pois, a crença de que o que se faz no 'hoje' deveria ser pautado em uma suposição esquemática sobre o 'amanhã' que, por definição, ainda não aconteceu,