Amplamente documentado, Diplomacia independente traz à tona fatos importantes sobre como funcionava o jogo diplomático naqueles dias dramáticos de 1962 e os esforços para se conseguir a suspensão dos ensaios nucleares e avançar na direção de um tratado geral de desarmamento. Em suas memórias, Afonso Arinos revela os recursos protelatórios utilizados pelas duas superpotências para empurrar o problema do desarmamento para um futuro indeterminado. Estados Unidos e União Soviética, alicerçando suas posições em complicados argumentos técnicos, mantinham um acordo disfarçado, pelo qual um acusava alternativamente o outro, para depois proceder exatamente da forma que mereceu a acusação. Revela, ainda, Afonso Arinos, estas manobras que “os países alinhados tinham de engolir, mas que nós, não- alinhados, podíamos denunciar como sempre fiz, em Nova Iorque e Genebra”.