Não existe formação sem apropriação singular e, logo, sem abertura de um espaço de desvio, hibridação, traição. Respeitar a criatividade de outrem não é desistir de modelos, o que é impossível; é, sim, propor vários modelos e abrir um espaço/tempo de apropriação pessoal. (...) Nas formas da criação considerada artística, o próprio processo de apropriação é uma fonte fundamental do prazer estético: gosto porque sei, precisamente, que, por trágica, ridícula, horrorosa, irrisória que seja a situação apresentada, trata-se de arte, isto é de uma forma particular de se apropriar e representar o mundo. Sendo assim, tudo pode ser mostrado, uma vez que, pelo próprio fato de se tornar objeto de uma apropriação artística, qualquer objeto passa a ser humanizado e, portanto, por local e às vezes polêmico que seja, a ter um valor universal. Este livro explora, com sucesso, o encontro entre essas duas formas de humanização que são os processos de criação artística e as práticas educativas.