Por que a romaria de carro de bois, uma prática religiosa enraizada nos valores rurais, continua viva na contemporaneidade? O que essa prática religiosa diz do sujeito urbano? A romaria de carro de bois é a manifestação de uma profunda saudade da natureza, saudade de pisar na terra, de conviver diariamente com os animais, de ter uma família unida e sempre por perto, é uma vontade de estar na companhia de amigos verdadeiros, um desejo íntimo de experienciar o círculo aconchegante descrito por Bauman (2003), é um desejo de vivenciar a comunidade rural idealizada, do passado. Toda essa carga de subjetividade faz do encontro, da caminhada, das paradas, dos dias da festa, enfim, faz de todo o rito da romaria de carro de bois um momento do ano muito esperado e feliz, de aconchego, de partilha, para grupos de famílias que vivem no espaço urbano, mas que carregam no seu esquema de pensamento e sentimento um ethos rural. [...]