O livro O ato de matar em trajetórias juvenis. identidades, imagens e retratos de meninas envolvidas na prática de homicídio, de Rilda Bezerra de Freitas Aguirre, revela-se como obra comprometida com o fazer ciência, ao elaborar uma profunda reflexão acerca das desigualdades, discriminações e violações que afetam meninas oriundas do interior e da periferia de uma cidade do porte de Fortaleza. Em seu tear intelectual, a autora elabora seis retratos sociológicos de meninas vitimizadas e, ao mesmo tempo, protagonistas de situações de violências de múltiplos matizes: abandono, abusos sexuais, uso de drogas, prática de homicídios e consequente experiência em privação de liberdade. Nesta abordagem, Rilda Aguirre promove rupturas com perspectivas essencialistas, presentes nos códigos jurídicos e nos discursos institucionais, que tendem a rotular essas adolescentes como infratoras, assassinas, delinquentes, revelando o esforço de desconstrução de estigmas, ao percebê-las como sujeitos em processo de construção e (re)construção identitária, sob a ótica das identidades móveis, contraditórias e em permanente negociação com trajetórias e rotas trilhadas.