As relações entre a poesia e a publicidade não são novas e podem ser rastreadas pelo menos até o século XIX, quando poetas como Olavo Bilac usavam sua pena para fazer pequenos anúncios nas revistas ilustradas que então começavam a proliferar. Em meados do século XX, no entanto, o concretismo, um dos últimos avatares das vanguardas, tornou a fronteira entre ambas mais tênue ainda, aproximando-se da linguagem da indústria cultural e usando as ferramentas da teoria da comunicação na confecção de seus poemas. A preocupação com o espaço da página e com a possibilidade de construir o poema como um objeto abriu uma nova perspectiva, visual, para a poesia do século XX, tirando-a dos limites do livro e lançando-a no espaço público. A tarefa a que se propôs Nelson Baibich foi exatamente pesquisar como a publicidade aprende com a poesia, por um lado, mas também como a poesia aprendeu a usar armas da comunicação para fazer uma arte que se queira menos sagrada e mais próxima das ruas, das novas tecnologias. Se essas relações são perigosas e por isso evitadas por muitos, o fato é que o próprio da arte talvez seja menos estar sempre desafiando as fronteiras, ultrapassando os limites e confundindo o estabelecido.