A obra parte de perspectiva fundamental para entender as práticas de burocratização dos sofrimentos envolvidos em uma situação classificada como criminosa: a dor. No texto percebemos um afastamento necessário dos eufemismos que transformam a dogmática (penal e processual penal) em exercício de técnica neutralizante e totalizante. Enquanto início do processo de criminalização, as polícias costumam lidar com situações e condutas que nem sempre chegarão ao Poder Judiciário. A cifra oculta, mesmo para crimes como o homicídio, segue sendo extremamente alta no Brasil. Neste contexto, o papel da Polícia é amplificado. Uma postura de autocrítica, como a de Leonardo, levará à seguinte conclusão: o filtro seletivo do sistema de justiça criminal faz com que o reforço de garantias e direitos fundamentais seja ainda mais urgente. A malha fina do sistema de justiça criminal não atinge a todos/as da mesma forma.