Giordano Bruno é uma admirável figura da cultura europeia e um dos mais singulares pensadores do século XVI, tendo desempenhado um papel tão importante como Erasmo ou Leonardo da Vinci. Filósofo, mago e cientista, herético de todas as igrejas e desencaixado de todos os rebanhos, pagou pelas suas ideias com a vida, consumida na fogueira inquisitorial de Roma, no ano de 1600. «Tratado da Magia», em edição bilingue e até agora inédito em Portugal, é a sua derradeira tentativa para sistematizar os princípios da magia e, através deles, perceber a relação entre o indivíduo e o universo. Nas palavras do autor, a magia assemelha-se à geometria pelas figuras e pelos símbolos; à música pelo encantamento; à aritmética pelos números e cálculos; à astronomia pelos períodos e movimentos; à óptica pelos fascínios do olhar; e, universalmente, a todas as espécies de matemática pelo que tem de intermediária entre a operação divina e a natural. Nas palavras de Rui Tavares, «o mestre fala agora de música, de geometria, de matemática, de medicina, de retórica e até de estética. Distingue as funções da imaginação e do intelecto, da voz e do canto, dos sentidos e da fé. Sobre tudo isto vai discorrendo de memória, por vezes sistematizando o seu conhecimento, outras vezes experimentando novos caminhos e tentando novas especulações, interrogando-se até sobre experiências a conduzir no futuro».