Esta obra foi realizada com o apoio do Ministério da Cultura do Brasil - Fundação Biblioteca Nacional - Coordenadoria Geral do Livro e da Leitura, e da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo - Programa de Ação Cultural - 2008 (ProAC). José Geraldo Neres pertence, no Brasil, à minoritária família dos poetas que buscam na tempestade das imagens o sumo da verdadeira poesia. Neres se destaca por figurar entre os autores que nadam na contracorrente, no contrafluxo. Para ele, o valor poético está associado à imagem, como aproximação de realidades diferentes, sendo tanto mais forte quanto mais distantes forem as realidades por ela aproximadas. O prazer da leitura de seu livro Outros silêncios se ancora, antes de tudo, em um sentir-se à deriva no interior de uma extensa metamorfose dos sentidos. Mergulho na sombra úmida da vertigem. São palavras a se desvestirem, camada por camada, do senso comum, desde o brilho de sol invisível sobre peles que cantam, até os confins do esqueleto a uivar um despenhadeiro de incêndios. E por isso o renascimento, um novo universo de palavras que passa a se mover na forma de sintaxes embrionárias, a conduzir a revelação dos sonhos antevistos pelas profecias, arcaicas habitações das primeiras manhãs dos mitos poéticos. Como destaca Claudio Willer, no prefácio da obra, "a boa recepção da poesia de Neres, atestada por prêmios literários, participações em antologias, coletâneas e edições artesanais que precederam a publicação deste Outros silêncios, não apenas confirma a presença de um poeta de valor: é o indício de uma renovação".