Em agosto de 1961, com sete meses já cumpridos de seu governo, Jânio Quadros renunciou em meio a uma crise que não parecia insolúvel como a que, havia exatos sete anos, encerrara tragicamente o governo Getúlio Vargas. Jânio foi embora de repente, queixando-se das 'forças terríveis' que tolhiam o governo. João Goulart, o vice-presidente, estava em missão oficial do outro lado do mundo, na China, e começou a voltar, com escala cautelosa e luxuosa em Paris. Se continuasse e chegasse, o que aconteceria? Seria empossado presidente? Seria preso? O governador gaúcho Leonel Brizola, cunhado de Goulart, exortou os brasileiros a resistir ao golpe que se desenhava - e o fez com metralhadora a tiracolo. A história desses dias nervosos, de uma crise institucional que era herança de outra (a de Getúlio) e que poucos anos passados resultaria em longa ditadura militar, é contada aqui em seus lances dramáticos e na atuação de seus personagens principais pelos jornalistas Paulo Markun e Duda Hamilton. Num trabalho criterioso de reconstituição dos fatos, atento a transmitir o 'calor da hora' com o rigor da reportagem e a emoção do romance, os autores lançam luzes sobre esse grave momento nacional, quarenta anos depois.