Um dos principais temas do nacionalismo português é o mito do retorno de dom Sebastião, monarca que, em 1578, partiu para o Marrocos para combater “os mouros” e foi morto na Batalha de Alcácer Quibir. O sebastianismo, como ficou conhecido, se apoia em uma série de rumores sobre a sobrevivência do rei e tomou conta de Portugal e da Europa nos anos que se seguiram ao conflito, apoiado por impostores que declaravam ser o rei. O historiador André Belo faz uma investigação inédita dessa primeira fake news da Europa Moderna, reconstruindo os fatos da morte de dom Sebastião e também a ficção mais importante criada por um impostor: um italiano que afirmava ser o rei e acabou condenado à morte. Numa autópsia desse importante evento da história portuguesa, que ao longo dos séculos ganharia repercussões e reinterpretações no Brasil, o autor se lança numa análise dos fatores que contribuíram para que uma ficção tão improvável se espalhasse.