O que pode um corpo senão em uma dan\u0002ça com a linguagem tentar expandir seus limi\u0002tes até o mundo? O que pode um corpo senão sonhar com o tempo e retirar destes sonhos o pólen do poema? O que pode um corpo senão se transformar em um coro de vozes reencon\u0002tradas de coisas, seres e lugares? Um corpo existe para o encontro com ou\u0002tros corpos, para essa costura de interioridades. Aqui um corpo costura em si o poema ou o oposto? Daniela Athuil propõe um pacto com a sen\u0002sibilidade em uma escrita que escava o fluxo da memória em busca do fluir da vida que vive secretamente dentro das paisagens de sonho e névoa que nos escapam. Um pacto com a har\u0002monia heraclitiana que ama se esconder, um pac\u0002to com a harmonia é também um compromis\u0002so com a compreensibilidade, e os poemas de Daniela são acessíveis até para os que não pos\u0002suem o hábito de ler poesia. Algumas poetas e poetas possuem este delicado dom de serem regiões de acesso ao poema.