Qual a relação entre guerra e Direito? O que diferencia um soldado profissional em combate de um mero bárbaro sanguinário? Como a ética pode permear objetivamente o processo decisório militar e permitir a aplicação da violência legitimamente pelo Estado? Como o respeito ao Direito Internacional Humanitário (DIH) pode agir como soft power e, paradoxalmente, multiplicar o poder de combate (hard power) de uma força militar? Essas e outras questões são discutidas neste livro. Partindo da premissa de que o Direito Internacional Humanitário nutre-se do realismo e da inevitabilidade das guerras, a obra é influenciada pelo olhar de um soldado profissional, que pede licença para dialogar com a academia sobre aquilo que, muito mais que seu objeto de estudo, é sua formação, sua vida, e muitas vezes sua morte. O leitor não encontrará aqui uma espécie de manual jurídico sobre DIH, tampouco uma coletânea de normas e dispositivos legais. Por sua natureza, o objeto DIH - assim como a guerra - é multidisciplinar e seu estudo implica questionamentos que vão desde aspectos epistemológicos e éticos, até considerações relativas a fatos e questões puramente militares. O desafio para o autor foi, portanto, o de percorrer o amplo espectro abrangido pelo assunto, de modo que a narrativa contemplasse a instrumentalização teórico-científica necessária a um trabalho consistente do ponto de vista acadêmico, sem que, ao mesmo tempo, perdesse o caráter utilitário da profissão militar. Nesse sentido, o leitor perceberá um delineamento que percorre uma escala imaginária que vai desde as origens remotas do DIH até o olhar direto e atento sobre o processo decisório do comandante militar na contemporaneidade. Em outras palavras, o trabalho começa fortemente paisano e pouco militar, adquirindo ao longo da narrativa um caráter cada vez mais pragmático.