Mesmo que os espaços balizem experiências, são as pessoas que seduzem o olhar da autora. O diálogo em discurso direto ou indireto domina sua escrita de si. São conversas prosaicas, densas, imaginadas, consultas médicas, todas pontuadas pela vivacidade curiosa, o afeto e a sensibilidade social. E volto à enumeração para dar conta da multiplicidade de atores que habitam os quadros que se sucedem em sua memória. A família (uma riqueza) e pacientes, médicos inspiradores, companheiros de meninice, amigos, cobradores de ônibus, motoristas dos cabs americanos, o peão da estância, o primeiro namorado, o médico da família, a doceira dos bolos de aniversário, verdadeira galeria de tipos humanos. Ao longo de uma cronologia maleável, Simone se revela através de identidades plurais (aí vai mais uma enumeração) filha temporã, esposa, médica, mãe, menina do campo, mulher urbana insuficientes para defini-la. Sua apropriação desses papéis tem em comum um movimento constante em busca do sentido (...)