A obra 'Antônio Conselheiro', de Guilhon Loures, fugindo à tônica geral da bibliografia brasileira na abordagem da campanha de Canudos e do personagem Antônio Conselheiro, privilegia a luta dos sertanejos nordestinos, a luta do povo contra as elites e oligarquias dominantes no Brasil, representadas pela classe dos latifundiários do café, conluiados aos militares. Nos fins do século XIX, no País, eram estes últimos os proclamadores da república de seus sonhos ou de seus interesses, não os do povo. A narrativa traz uma releitura da historiografia brasileira, daqueles acontecimentos históricos, sob ângulo e enquadramento diferentes - é a visão dos sertanejos, não a dos potentados. 'Antônio Conselheiro', ficção e realidade, ou como denominou alguém, 'sob o signo da fantasia exata', é um ensaio sobre a civilização brasileira, vista de uma posição inferior, de um ponto de vista dos que são considerados párias da sociedade, que durante quatro séculos - e até hoje - sustentam essa mesma sociedade.